quarta-feira, 11 de setembro de 2013

I had a dream (eu tive um sonho)


     

       Tenho que confessar um segredo a vocês: sempre quis ser professora. Desde pequena todo o universo docente me seduzia: sala dos professores, as ministrações em sala, a figura do mestre... Tudo!
     O tempo passou, chegou o Ensino Médio e a hora de escolher a profissão que seguiria. Qual foi a carreira que escolhi? Jornalismo. What? É isso mesmo, jornalismo. Mas eu já respondo a vocês esta aparente, ou na verdade, contradição. A esta altura, já sofria aquela famosa "pressão" da sociedade quando mencionava qual era minha decisão, as caras de espanto e pavor se espalhavam ao meu redor. Adolescente e ainda tentando provar algo pra alguém, foquei minha paixão em Literatura e na área de Humanas no Jornalismo, pensava eu:
       - É, as pessoas tem razão... Professor não é valorizado, ganha pouco, é maltratado pelos alunos. Serei jornalista!
     Porém, o destino sempre nos reserva surpresas... Fiz Vestibular para três Universidades distintas e, em cada uma delas, um curso diferente. Só passei em um dos certames... Adivinha para qual curso? Se você respondeu Jornalismo, errou! Bagh!!!!! Letras! Sim, é isso aí! Com habilitação em Licenciatura Plena, meus amores! Não apenas passei para o curso, mas também o frequentei!
     Arrependimentos? Sim, pelo menos um: de ter um dia pensando em me curvar aos padrões da sociedade e desistir desta profissão tão nobre. Foram quatro anos maravilhosos, cheios de aprendizado – não somente no campo intelectual, mas no social também – e em que me alegro muito por ter sido escolhida pelas Letras, pois foi isso o que aconteceu! Quis fugir, mas ela me fisgou! J
    Esse texto não é apenas uma declaração (confissão), mas veio à minha mente em meio a uma conjuntura nebulosa que a educação vive. As Redes de Educação Estadual e Municipal do Rio de Janeiro estão em greve, ou melhor, agora só a Estadual, pois o município suspendeu sua greve em Assembleia ontem.
   Tenho participado de alguns atos da Rede Estadual, meu esposo faz parte dela e, como educadora, acho importante um posicionamento de minha parte. Quero deixar claro que não estou atuando, mas minha alma é de professora!
   Em meio à Assembleias, manifestações e outros, meu coração “queima” e fico divagando mentalmente como pode uma classe nobre – desculpe a repetição do vocábulo, mas não consigo empregar outro adjetivo a esta honrosa ocupação – ser tão preterida! No último dia 4, enfrentamos chuva, vento e fome, mas parece que grande parcela da população está aquém de tudo isso! De quem é culpa para este descaso? Não consigo achar uma resposta... Fico perplexa com a postura de nossos governantes e de alguns que deveriam estar ao nosso lado em prol de melhorias para a educação. Será que eles não veem? Parece clichê ou uma daquelas frases de para-choques de caminhão, mas a solução é a Educação! (que rima pobre, meu Deus! Mas acredito que Ele me perdoará por isso...).
    Hoje, teremos mais uma Assembleia do Estado, estou ansiosa para saber que rumos serão tomados. Espero que nossos companheiros alcancem avanços e que possam voltar às aulas o mais rápido possível. Ah! Eu tenho um sonho: que meus filhos tenham orgulho de seus pais professores! 

3 comentários:

  1. É muito bom ler um texto de apoio tão verdadeiro e digno. Quem escolhe o caminho da docência, de fato , não o faz somente para buscar um meio de sustento financeiro. Em um mundo em que as grandes ideologia parecem definhar a opção por lecionar se torna uma opção de luta também.

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  2. Adorei seus texto! Sinceros e límpidos!

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